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Turminha entrevista pediatra para aprender sobre doenças infantis

A Turminha do MPF foi ao consultório do Dr. Luiz César Pinto de Almeida Junior, pediatra da Procuradoria Geral da República, para entrevistá-lo sobre como prevenir, reconhecer e tratar algumas doenças mais comuns no dia a dia das crianças. Ele falou sobre gripe, resfriado, conjuntivite, diarreia, desidratação, pneumonia, infecções e doenças contagiosas. Você vai aprender muito com ele, principalmente como identificar os principais sintomas, a gravidade ou não das doenças e quando pode tratá-las em casa ou deve consultar um médico.
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Malu: Quais são as precauções que as crianças devem tomar para evitar infecções e doenças contagiosas?

 Dr. Luiz César: Ter cuidados básicos de higiene é o que a gente pode fazer para evitar ou tentar diminuir as doenças contagiosas. É difícil evitar o contato com algumas doenças. Por exemplo, a varicela, conhecida como catapora, é uma doença que tem muito contágio. Se você tiver contato com a pessoa, chegar perto dela, se estiver suscetível vai pegar. Outras doenças como, por exemplo, as verminoses, se a pessoa tiver cuidados de higiene, lavar as mãos, ter água tratada, esgoto tratado, já diminui muito o risco desse contágio. E doenças como resfriado, por exemplo, ou a gripe, que é uma infecção viral também, mas mais grave, o cuidado que você pode ter para tentar evitar é lavar sempre as mãos.

Rod: A varicela tem vacina?
 

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Dr. Luiz César: Tem. As vacinas são outra forma de evitar essas doenças também, manter o seu esquema de vacinação completo. 

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Alex: Você pode dizer quais são as vacinas que as crianças têm que tomar e em que idade?

Dr. Luiz César: As crianças, logo que nascem, já podem tomar a vacina contra hepatite B e a BCG, que é para evitar formas graves de tuberculose. Depois elas tomam o reforço da hepatite B com um mês e aos seis meses. E já podem começar também a vacina contra o rotavírus, que é com um e três meses ou com dois e quatro meses, tanto faz.

Maressa: O rotavírus provoca o quê?
 
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 Dr. Luiz César: O rotavírus provoca infecção intestinal, diarreia e vômito. Depois, com dois meses, tem a vacina contra difteria, tétano, coqueluche e hemófilos influenza, uma bactéria que provoca meningite e pneumonia. E tem a vacina contra a pólio [poliomielite, ou paralisia infantil] também. Com dois, quatro e seis meses, são essas as vacinas. Depois dos seis meses a criança já pode tomar vacina contra o vírus da influenza, que provoca a gripe. Com um ano tem vacina contra a varicela (catapora), sarampo, caxumba e rubéola e vacina contra febre amarela. Essas são as que estão no calendário nacional de vacinação. Além dessas existem ainda vacina contra pneumococo e meningococo.

icone-sol.gif Sol: Que doenças essas bactérias provocam?
 

Dr. Luiz César: Meningococo causa meningite, essa que está tendo surto em Minas e teve na Bahia. Mas essas vacinas não estão no esquema básico de vacinação do posto de saúde e têm que ser compradas em clínicas de vacinação.

Munani: E as crianças mais velhas, não precisam se vacinar?
 
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 Dr. Luiz César: Tem os reforços depois. Tem o reforço a cada 10 anos para vacina contra tétano e difteria.

icone-rafinha.gif Rafinha: Então as principais vacinas são tomadas antes de um ano?

Dr. Luiz César: A maioria é antes de um ano, e logo que a criança faz um ano tem um monte também. Essas todas que eu falei são a partir de um ano. Até 2 anos a criança tomou um monte de vacinas. Com 18 meses também tem reforço da vacina tríplice (difteria, tétano e coqueluche) e da pólio.

Alex: E as campanhas de vacinação, onde crianças de várias idades são vacinadas?

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Dr. Luiz César: Normalmente até 5 anos, para essas vacinas da pólio. A maioria das campanhas é contra pólio. Agora tem-se feito também campanha contra sarampo a partir de um ano e, preferencialmente, se faz um reforço, até os 10 anos. O grosso está nos 2 primeiros anos de vida e depois se faz reforço a cada 5 ou 10 anos, dependendo da vacina e da exposição da pessoa.

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Malu: Além da vacinação, os outros cuidados seriam com a higiene das mãos?

Dr. Luiz César: É, principalmente lavar as mãos, e os cuidados básicos de higiene.

Rod: E andar descalço, tem algum problema? icone-rod.gif

Dr. Luiz César: Você pode pegar alguns tipos de vermes que penetram a pele por contato. Ancilóstomo duodenal, por exemplo, é um verme que ataca o intestino e penetra em nosso corpo pela pele. Agora, é o seguinte, a gente não pode viver numa bolha. Falar para a criança nunca andar descalça? É duro, né? Não adianta criar um ambiente asséptico para as crianças. Não existe isso

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Maressa: Quais os cuidados que as crianças devem ter quando estão gripadas ou resfriadas? 

Dr. Luiz César: Resfriado e gripe são duas doenças diferentes. As duas são doenças virais [causadas por vírus], para as quais a gente não tem muita medicação que possa usar. Na realidade, o nosso organismo é quem cria os anticorpos e combate a infecção. E isso tem um tempo. O resfriado, por exemplo, é uma doença auto limitada. Ela tem um ciclo e acaba. Ninguém morre de resfriado. Já a gripe é uma doença que pode ter complicação e inclusive pode levar a pessoa a óbito [morte]. As precauções, aquilo que a gente orienta: manter sempre a criança hidratada, oferecer líquido várias vezes ao dia.

Quanto ao resfriado, você pode fazer o que você quiser que ele vai passar.

Sol: Pode tomar sorvete?
 
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Dr. Luiz César: Vai passar! Com, sem ou apesar do sorvete. Com, sem ou apesar do médico. É uma doença que tem um curso e vai passar, e todo mundo pega, não adianta. Todo mundo vai ter um resfriado uma vez ou outra na vida. Já a gripe é uma forma mais grave, é um vírus que dá com uma sintomatologia mais intensa. A febre é mais intensa, a dor muscular é mais intensa e, às vezes, o comprometimento pulmonar, que é a causa grave da doença, pode ser mais intenso. Não é necessário ter comprometimento pulmonar, mas pode haver. E qual é o cuidado?

As mães têm muita apreensão em relação à febre. A febre desperta muita preocupação nas mães, o que é razoável, porque é um sinal de alerta mesmo, só que, por exemplo, o cansaço, a falta de ar, que são sintomas do comprometimento pulmonar dessas doenças, normalmente são sinais muito mais graves e que, às vezes, as mães não se preocupam tanto com eles, principalmente se elas não têm orientação para isso. Esse cansaço, que às vezes as crianças apresentam, não é uma coisa que os pais sempre valorizam, e é um sinal importante. Se está vendo que a criança está ficando cansada, com dificuldade de respirar, fazendo força para respirar ou está com a respiração muito acelerada, isso é um sinal de gravidade e tem que procurar um serviço médico. Sempre! Toda vez que isso acontecer tem que ir!

icone-munani.gif Munani: E isso pode estar sendo provocado por quê?
 

Dr. Luiz César: Pode ser um comprometimento pulmonar da própria gripe, faz uma pneumonia, inflama o pulmão. A gripe, quando mata, é por causa da pneumonia. Normalmente é a pneumonia que mata.

Vó Zita: A pneumonia é sempre decorrente de uma gripe?
 
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Dr. Luiz César: Não. A gripe é uma infecção viral. Eu posso ter pneumonia de causa bacteriana, aquelas bactérias que eu falei da vacina: pneumococo, hemófilo... Essas bactérias podem causar pneumonia. Normalmente, o que a gente vê?  A criança começa com um quadro viral e esse quadro viral reduz a resistência do organismo da criança e possibilita que uma bactéria faça uma infecção. Contato com bactéria a gente tem o tempo inteiro, só que o nosso sistema imunológico mantém o que a gente chama de homeostasia, que é o nosso bem estar. Quando alguma coisa desequilibra o organismo, facilita as infecções.

A pneumonia é uma infecção no pulmão e ela pode ser por vírus e por bactéria. O vírus da gripe pode dar pneumonia.

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Malu: Então, se a criança apresenta essa dificuldade de respirar, ela tem que procurar o médico porque pode estar com pneumonia?

Dr. Luiz César: Sim. Tem que procurar o médico.

Munani: E se ela não tiver esse sintoma, ela precisa tomar algum remédio ou não é necessário?

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Dr. Luiz César: Normalmente, na gripe, o que a gente orienta para o tratamento das crianças é higiene nasal com soro fisiológico. Aqueles sorinhos que você bota no nariz e que tem um monte no mercado, porque isso facilita a respiração. A criança fica irritada, não consegue respirar, se é pequenininha e está mamando o nariz entupido, não deixa mamar, então isso aí ajuda bastante. A outra recomendação é o tratamento da febre, que pode ser com os remédios que a gente mais comumente usa: os antitérmicos dipirona ou  paracetamol, medicações que têm muitos nomes comerciais. Hoje em dia tem aumentado muito o uso de anti-inflamatório como, por exemplo, o Ibuprofeno. Eu, particularmente, sou mais favorável aos remédios que são antitérmicos isolados e que não são anti-inflamatórios. 

A medicação é essa. Fora isso, para a pessoa usar em casa, eu não acho que tenha outras medicações. De todas as que são usadas, nenhuma tem uma comprovação científica forte de que modifique o tempo de evolução da doença e reduza o agravamento. O resto é tudo cosmético.

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Rod: Esses medicamentos que você falou têm que ser prescritos pelo médico ou a mãe pode comprar? 

Dr. Luiz César: Não, a mãe pode comprar.

Professor Ari: Sempre que a criança tiver febre ela precisa procurar o médico? Como a mãe sabe, quando a criança está com febre, se ela precisa levá-la ao médico? A partir de que temperatura ela tem que se preocupar?

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Dr. Luiz César: A febre é um sinal, não é uma doença. Na realidade, não é só a febre. As mães com primeiro filho são mais ansiosas. Então se o menino fez 37,5 [graus centígrados] uma vez, ela já vem para cá. Eu acho que é bom que venha, porque se a mãe está insegura e acha que o menino não está bem, ela tem que ir para o médico. Não tem que ficar com a criança em casa se ela acha que não está bem. E ela não precisa saber exatamente porque ela acha que não está bem. Se ela acha que não está bem, então venha para o hospital, procure o médico!

Em relação a temperatura, a gente chama de febre aquela acima de 37,8 [graus centígrados], acima de 38. Acima disso é febre. 37,3, 37,2, até 37 é normal. Uma febre acima de 39, eu acho que essa mãe já tem que ficar um pouco mais atenta. Pode ter um quadro viral desses que eu falei no começo, um resfriado, dando uma febre de 39? Pode, porque isso é uma resposta do indivíduo. O mesmo vírus ou a mesma bactéria podem dar respostas diferentes em pessoas diferentes. E a mãe vai vendo outros sinais, não é só a febre. Então, por exemplo, preocupa muito o que a gente chama de queda do estado geral, que é aquele bebê ou aquela criança que está mais molinho, mais "derrubadinho", não é só a febre. A minha sugestão é essa: se ela está preocupada, acha que não está bem, entenda ela da forma que quiser esse não estar bem, mas se achou que não está bem, leva no médico, leva no médico!

E a outra coisa muito importante, que nem sempre as pessoas se atentam: as doenças têm uma evolução. A meningite, por exemplo, que é uma doença grave, ela tem uma evolução. A criança começa com febre, uma dor de cabeça, às vezes começa a vomitar. Toda criança que tem febre, dor de cabeça e vômito tem meningite? Não. Na maioria das vezes não é meningite. Isso pode ser um resfriado, uma gripe, mas pode ser uma meningite. Como é que eu faço para saber isso? O primeiro médico que está vendo, se a mãe vem no primeiro dia e a criança não tem outro sintoma ainda, não tem, naquele momento, como esse médico saber se aquilo vai evoluir como um resfriado, como uma gripe ou como uma meningite. Não dá, porque o sintoma é igual. O que é importante? Veio no médico, o exame está normal, está tudo bem? Eu acho que é só um resfriado. Eu vou acertar isso 90 vezes. De cada 100 pacientes que vem aqui, 90, 95 vão ser isso. Só que têm uns cinco que podem evoluir de uma forma ruim e isso depois se mostrar ser uma meningite, uma pneumonia ou outra doença. 

Então, o que é importante? Foi ao médico na segunda feira e ele disse que estava tudo bem, mas se na terça feira ele piorar, ou na quarta feira, se ele piorar, eu tenho que voltar no médico! Não se pode pensar: “Ah não, eu fui ao médico e ele disse que estava tudo bem, então eu não preciso voltar”. Não é assim. Porque não é uma ciência exata. Eu não tenho como prever o futuro. Estatística é bom para um grupo de pacientes, mas para aquele paciente que está ali na minha frente, não existe estatística. Ele é zero ou 100 por cento. 

Então, o que é importante? É perceber isso. Num resfriado, ele tem uma febre que dura dois, três dias e passa. Eu estou vendo que a criança não está melhorando, ela antes não estava vomitando e agora está vomitando? Ela antes estava ficando mais acordada e agora está muito sonolenta? A respiração agora está mais acelerada, parou de fazer xixi? Essas coisas são sinais de que ela não está bem. Tem que voltar no médico!

Agora, e se uma mãe vê um bebezinho com febre de 38 graus, com o nariz escorrendo, um pouquinho enjoadinho e pensa que é um resfriado... Ela está segura? Está vendo que é um resfriado porque ele já teve isso outras vezes, já é o terceiro filho, ela já está acostumada? Ela precisa vir aqui por causa disso? Não. Ela pode tratar isso em casa? Pode. O que é que não dá para ficar em casa? A criança que está piorando, uma criança que está com a respiração acelerada, isso não dá para ficar em casa! Isso não dá para ficar em casa! 

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Vó Zita: Você falou em 39 graus, mas para um bebê não é uma temperatura muito alta?

Dr. Luiz César: É! Para um bebê é muito alta. Até três meses, qualquer febre tem que procurar o médico! Sempre! Por quê? Porque o sistema de defesa das crianças até os três meses não funciona bem. E essas crianças podem ter quadros de uma evolução muito rápida. Então, até três meses, qualquer febre tem que procurar o médico. Depois de seis meses, o sistema imunológico já está melhor. Boa parte daquelas vacinas que a gente falou já foram dadas, o sistema de defesa da criança já está melhor. Uma febre acima de 39 eu ficaria mais preocupado. Ainda que eu achasse que o neném está bem, mas 39 é muito, é melhor dar uma olhada.

Malu: O que pode provocar diarreia e como ela é tratada? icone-malu.gif

Dr. Luiz César: Diarreia pode ser causada por bactéria, por toxina de bactéria e por vírus. Pode ser causada por parasita também, mas é menos comum. As causas mais comuns são essas, mas o vírus é a mais comum. O rotavírus é um dos exemplos de vírus que dá diarreia. A diarreia é um mecanismo de defesa do organismo. Ele coloca pra fora o que está ruim lá no intestino. Com aquilo ele já elimina, mas quando é bacteriana você pode usar antibiótico, porque têm situações em que é melhor. Mas, de um modo geral, a mãe está em casa e o menino teve diarreia. Ela precisa saber o diagnóstico? Não precisa. Qual é o tratamento? Soro de reidratação oral! Compra na farmácia, pega no posto de saúde, pode vir em líquido, pode ter em pó para diluir em água, tanto faz. Soro de reidratação oral! Fez cocô? Soro de reidratação oral. É isso. Também as diarreias, de um modo geral, são casos autolimitados. Elas têm um ciclo e acabam.

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Maressa: A partir de quantos dias de diarreia você tem que se preocupar com ela?

Dr. Luiz César: Na média dura sete dias. Tem criança que melhora mais rápido.

Sol: Você pode tratar só com o soro de reidratação oral?
 
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Dr. Luiz César: Só soro de reidratação oral.

icone-rafinha.gif Rafinha: Não precisa procurar o médico?
 

Dr. Luiz César: Não. Qual é o problema da diarreia? O problema da diarreia não é a diarreia. O problema da diarreia é a desidratação. O que é que acontece? Quando a gente tem uma diarreia a gente aumenta a nossa perda de líquido. A gente perde líquido normalmente. A gente faz xixi, a gente sua, a gente respira, e com isso perde líquido. Quando tem diarreia, essa perda de líquido é aumentada. Por isso o soro oral. O soro oral, o que ele faz? Ele vai tratar a diarreia? Não, mas ele vai aumentar o ganho de líquido. Então, se eu estou perdendo mais, eu tenho que repor isso aí, e a gente repõe com soro oral. Por quê? O problema é quando eu não faço essa reposição e tenho essa perda de líquido, por que isso leva à desidratação. E a desidratação, sim, é grave.

Munani: Ela provoca o quê, a desidratação?
 
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Dr. Luiz César: O nosso organismo é 70% água. Num bebezinho, até mais. Quando a gente desidrata, o organismo deixa de funcionar. Num caso extremo, eu entro num estado de choque, e isso evolui para a morte. Então, o que acontece na desidratação? Quais são os sinais da desidratação? O bebê para de fazer xixi, o olho fica fundo e a boca seca. Esses são os sinais de desidratação. No bebezinho pequenininho, que ainda tem mulera, a mulera também fica afundada. Normalmente a pessoa fica irritada ou sonolenta. Então, o bebê que está com diarreia e está tendo esses sinais, tem que procurar o médico.

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Rod: Você disse que se for diarreia provocada por bactéria tem que tomar antibiótico. Como a mãe vai saber, se ela não for ao médico?

Dr. Luiz César: Diarreia em que a criança tem febre, o estado geral está ruim e a criança fica prostrada, caída, é grave! Essa criança precisa procurar o médico, independente da diarreia ser bacteriana ou viral.

Sol: O que é a conjuntivite e o que a criança pode fazer para evitá-la? icone-sol.gif

Dr. Luiz César: Para evitar, tem que lavar a mão, esse é o segredo. Evitar ficar botando a mão no olho, coçando o olho. E o que é a conjuntivite? A gente tem uma membrana, chamada conjuntiva, que é essa membrana onde a gente vê esses vasinhos na parte branca do olho. Ela cobre a pálpebra e a parte branca do olho. O branco do olho chama-se esclera. Em cima da esclera tem uma camadinha fininha que é a conjuntiva. Essa camadinha fina inflama. Quando ela inflama a gente chama isso de conjuntivite. Pode ser também viral ou bacteriana.

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Malu: É provocada pelo fato da pessoa passar a mão suja no olho?

Dr. Luiz César: Sim. A mão está contaminada e eu a encosto no olho? Contaminei meu olho. É assim que funciona.

Rafinha: E como você sabe se está com conjuntivite?
 
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Dr. Luiz César: O olho fica vermelho, às vezes fica um pouco inchado, coça e aumenta a secreção. Então a criança acorda com o olho meio inchado e pregado.

icone-alex.gif Alex: E qual é o tratamento?
 

Dr. Luiz César: Se for conjuntivite bacteriana, tem que usar um colírio de antibiótico.

Sol: Aí tem que ser receitado pelo médico?
 
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Dr. Luiz César: Tem que ser receitado pelo médico. A conjuntivite viral, às vezes, só com uma compressa fria já melhora. Mas conjuntivite é sempre bom o médico dar uma olhada.

icone-maressa.gif Maressa: A conjuntivite bacteriana provoca febre,?
 

Dr. Luiz César: Não, mesmo a bacteriana. Mas a gente pode ter uma complicação, uma infecção dessa área em volta do olho, que é uma celulite, uma inflamação nos tecidos ao redor do olho. Isso é grave. Qual é o problema do olho? O olho está muito perto do cérebro. Então infecções nessa região podem ter um curso grave. Na conjuntivite é bom procurar o médico. É diferente de febre. Tá com o olho vermelho, tá com o olho inchado? É bom procurar o médico.

Vó Zita: Por que algumas crianças fazem xixi na cama até os sete, oito anos ou, durante o dia,  fazem xixi na calça? Isso tem uma causa física, emocional, ou as duas?

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Dr. Luiz César: As duas. Tem causas físicas e emocionais.

icone-malu.gif Malu: E quais são essas causas?
 

Dr. Luiz César: Muita coisa. A gente chama isso de enurese, o não controle da diurese (secreção urinária). A enurese pode ser primária ou secundária. O que é a enurese primária? É quando a criança não adquire o controle. Essa é a primária. Até os sete anos a gente espera que a criança adquira o controle esfincteriano e não faça mais xixi na cama. Até os sete anos é normal. Passa disso aí e ela não consegue o controle, a gente chama isso de enurese primária. A enurese secundária é quando a criança já tinha o controle e perde esse controle. 

As causas são várias: aumento da produção de urina, doenças como diabetes ou infecção de urina... A enurese primária, na maioria das vezes, é emocional, psicogênica, mas pode ter alguma alteração de inervação de bexiga, algum problema neurológico. Aí tem que avaliar caso a caso, não tem uma regra geral. 

Munani: Esse controle, normalmente, as crianças conseguem até que idade?

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Dr. Luiz César: O noturno é até os sete. O que deve evitar? O constrangimento, aquela coisa de dizer: “Olha que coisa horrível!”; a mãe brigar com o menino, expor o menino. Isso não ajuda de jeito nenhum. Tem que ter paciência, aquilo vai passar, o controle vai chegar. E tem algumas crianças que atrasam mesmo, mais do que outras, como tudo.

Vó Zita: Então até os sete, oito anos, não é preciso procurar o médico?

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Dr. Luiz César: Eu acho que não. Estou falando do noturno. O controle diurno, tirar fralda, é com dois ou três anos. É o período em que as crianças, normalmente, tiram as fraldas.

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Vó Zita: Eu estava pensando mais em crianças que fazem xixi na escola, por exemplo, que não conseguem esperar até a hora do recreio.

Dr. Luiz César: Nessa fase de seis, sete anos, já está na escola, não consegue controlar e urina nas calças? Não é normal. Tem que avaliar. Na realidade, o que acontece é o seguinte: às vezes a criança tá brincando, a brincadeira tá boa e ela não quer sair dali, e às vezes tá com vontade de fazer xixi, mas fica segurando, segurando, então tem uma hora que não dá, entendeu? A criança tem problema? Não.

Outra coisa é professor, a gente tem que cuidar, né? “Professor, quero ir no banheiro!”  “Ah, agora não pode”. “Professor, quero ir no banheiro!” “Ah, agora não pode”. Então, tem hora que a criança não consegue segurar. Isso não é controle de esfincter, é uma questão de bom senso, né? Nessa fase eles querem fazer xixi toda hora, com cinco, seis anos, e tem professor que quer segurar: “Não, agora não pode, só pode na hora do recreio”. Aí não tem jeito, não adianta querer porque ele não consegue segurar muito mesmo. Quer fazer xixi porque chegou a hora. Mas ele já sabe que ia fazer. Então o controle ele tem, só não é indefinido.

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Professor Ari: Então cabe ao professor ter bom senso e permitir que ele vá ao banheiro, não é?

Dr. Luiz César: Sim, tem que ter bom senso!

Turminha do MPF: Muito obrigado pela entrevista, Dr. Luiz! Aprendemos muito com você! Um grande abraço!

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